Apesar dos esforços de seguidos governos para a redução da pobreza no Brasil nos últimos anos, a questão ainda se configura como um problema de primeira grandeza no país. Como a condição de pobreza continua se fazendo muito sentida, o tema se mostra um campo fértil para pesquisas e trabalhos de caráter científico e acadêmico. O artigo “Psicologia e pobreza no Brasil: produção de conhecimento e atuação do psicólogo” fez uma revisão da contribuição da Psicologia para o entendimento da questão.
Publicada ano passado na revista Psicologia & Sociedade e de autoria dos pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Candida Maria Bezerra Dantas, Isabel Fernandes de Oliveira e Oswaldo Hajime Yamamoto, a pesquisa foi realizada em quatro etapas: “levantamento nas bases de dados referenciais disponíveis na Internet; construção de um banco de dados com 312 publicações; recuperação e categorização dos resumos de 209 artigos científicos” e “leitura e análise de 47 artigos científicos completos”, relata o texto.
Segundo os autores, mesmo que a produção da Psicologia sobre o tema pobreza seja bastante heterogênea, foi possível destacar alguns padrões após a execução das quatro etapas anteriormente citadas. De maneira geral, notaram os autores, a questão se desenvolve em dois vieses principais: ou há a descrição das condições de pobreza e relatos de experiência do próprio pesquisador em ambientes marcados por esta situação ou estudam-se os efeitos da condição de pobreza com outras questões sociais, enfocando, por exemplo, o desenvolvimento de crianças e jovens que vivem nas ruas.
Assim, consideram os autores, não se pode dizer que haja de fato padrões para como estudar a pobreza do ponto de vista da Psicologia, já que não foi encontrada “produção alguma que proponha efetivamente a construção de novos conhecimentos que embasem as práticas desenvolvidas com populações pobres”. Ainda que, principalmente a partir da década de 80, psicólogos tenham se interessado bastante pelo tema, haveria uma persistente “dificuldade de construção de modelos teórico-metodológicos que ofereçam ao profissional novas possibilidades de atuação”.